sexta-feira, 15 de junho de 2007

Pecados cotidianos

Há quem pense que os pecados são cometidos nos fins-de-semana, nas festas, baladas, bares, praias, viagens, e tantas outras atividades vistas com maus olhos.
Eu penso que os pecados são cometidos por pessoas comuns, no comum do dia-a-dia, porque o comum é errado.
É comum trabalhar o dia inteiro, chegar cansado em casa, depois de mais um dia estressante na longa jornada de trabalho, não tendo nem tempo para fazer mais horas extras.
Já se tornou habitual.
Chega-se, deita-se, sem dar a mínima atenção para os de casa. Não brinca com os filhos, mal vê sua mulher.
Passa despercebido. Como uma brisa que levemente passa sem olhar nos olhos de ninguém.
As donas de casa envoltas de poeira, ficam como estátuas, com dores no joelho, sem tempo para aqueles que sujam a louça.
Vivem dopados. Entupidos de drogas.
Um remédio de manhã para se manterem acordados, um a noite para dormirem bem.
Vivemos errado.
Não vivemos, passamos simplesmente, individualmente.
Quem somos?
Família hoje é morar debaixo do mesmo teto, nem isso. Muitos não tem teto.
Não se vêem, não conversam. Pais não sabem em que escola os filhos estão matriculados, filhos não sabem quem são seus pais, ou para que servem.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Nos teus braços

Eu te abraço porque não sei o que fazer,
nos teus braços me sinto rei.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Eu nada

Minha meta inicial é o nada,
porque o nada é o limite humano.

Trilhos do pensamento

Os trilhos do meu pensamento
vão a lugares jamais vistos,
vão a brilhante lua,
descem nas profundas lacunas.

Os trilhos do meu pensamento
se margeiam, se cruzam, se confundem.
Surgem na mesma medida que são esquecidos,
em uma viagem que ultrapassa o nada.

Os trilhos do meu pensamento
se concretizam a medida que encontro o oculto.
E vão além, a medida que
o oculto some outra vez.

Nos trilhos dos meus pensamentos
não passam trens.
É o caminho inexistente que leva
a cratera do meu ser,
na depressão do meu não ser.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

A arte de dormir

Os olhos vão se fechando,
cruzando as pálpebras.
Surge o poder de enxergar além
e nem percebo.

O pensamento pega um trem,
pouco a pouco segue seu rumo
para atrás dos olhos,
o sonho começa a aparecer.

O pensamento faz seu filme,
exibido graças a luz dos olhos.
Os sonhos mostram além,
só não me lembro que sonhei.